Mostrando postagens com marcador Solano Trindade. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Solano Trindade. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Sou Negro


À Dione Silva



Sou negro
meus avós foram queimados
pelo sol da África
minh`alma recebeu o batismo dos tambores
atabaques, gongôs e agogôs


Contaram-me que meus avós
vieram de Loanda
como mercadoria de baixo preço
plantaram cana pro senhor de engenho novo
e fundaram o primeiro Maracatu

Depois meu avô brigou como um danado
nas terras de Zumbi
Era valente como quê
Na capoeira ou na faca
escreveu não leu
o pau comeu
Não foi um pai João
humilde e manso.


Mesmo vovó
não foi de brincadeira
Na guerra dos Malês
ela se destacou

Na minh`alma ficou
o samba
o batuque
o bamboleio
e o desejo de libertação

Solano Trindade

terça-feira, 22 de junho de 2010

CANTO À AMADA

Eu tenho uns versos bonitos
pra cantar pra minha amada
sempre sempre desdobrada
em beleza e formosura

Ontem minha amada estava
dentro da cara da Lua
numa garota da rua
no palhaço da folia

Um dia vi minha amada
nas águas do grande mar
outra vez a encontrei
num belo maracatu

Numa canção ela estava
num samba estava também
estava numa boa pinga
sempre está no meu amor

Eu tenho uns versos bonitos
pra cantar pra minha amada
sempre sempre desdobrada
em beleza e formosura.

Solano Trindade - Poeta do Povo


terça-feira, 2 de junho de 2009

Muleque


Muleque, muleque
quem te deu este beiço
assim tão grandão?

Teus cabelos
de pimenta do reino?

Teu nariz
essa coisa achatada?

Muleque, muleque
quem te fez assim?

Eu penso, muleque
que foi o amor...


Solano Trindade

Informação Histórica

Ao menos durante os mais de três séculos de escravidão, falar "moleque", significava falar do menino negro. Existiam meninos (brancos) e moleques (negros).

terça-feira, 28 de abril de 2009

Eu gosto de ler gostando


Eu gosto de ler gostando,
gozando a poesia,
como se ela fosse
uma boa camarada,
dessas que beijam a gente
gostando de ser beijada.

Eu gosto de ler gostando
gozando assim o poema,
como se ele fosse
boca de mulher pura
simples boa libertada
boca de mulher que pensa...
dessas que a gente gosta
gostando de ser gostada.

Solano Trindade

domingo, 25 de maio de 2008

Solano Trindade


Solano Trindade viveu de 1908 até 1974, viu coisa pra caramba no século XX. Poeta brasileiro negro.

ABOLIÇÃO NÚMERO DOIS

Parem com estes batuques,
Bombos e caracaxás,
Parem com estes ritmos tristes e sensuais

Deixem que eu ouça
Que eu veja
Que eu sinta
O grito
A cor
E a forma
da minha libertação...


Solano Trindade, Poemas de uma vida simples.